domingo, 27 de julho de 2014

AMÉRICO ANTUNES PINTO

AMÉRICO ANTUNES PINTO- GENEALOGIA E INVENTÁRIO


AMÉRICO ANTUNES PINTO teve seu assento de batismo no 2º livro de batismos de Viamão, no dia 29/02/1764, filho do tenente ISIDORO ANTUNES PINTO, natural da Colônia de Sacramento e de JOANA PEREIRA, natural de Rio Grande. Neto paterno do guarda-mor JOÃO ANTUNES DA PORCIÚNCULA, natural de Cartaxo, patriarcado de Lisboa, Portugal e de ANTÔNIA PINTA, natural de Salamanca, Espanha. Neto materno de SILVESTRE DOMINGUES e de ANTÔNIA PEREIRA.
Casou em 1ª núpcias com MARIA THOMÁSIA DA CONCEIÇÃO, filha de Francisco Xavier e Feliciana da Luz.
Casou em 2ª núpcias com ANGÉLICA MATHILDE DE JESUS,filha de Thomas Luiz Guterres e de Violante Maria de Jesus, neta por parte paterna de Claúdio Guterres e de Gertrudes dos Santos e bisneta de AGOSTINHO GUTERRES E DE MARIA DE BRITO.

Inventário Américo Antunes Pinto, nº:1411, maço:70- 1º Cartório de órfãos de Porto Alegre-1843
Inventariante: Angélica Mathilde de Jesus
Ele faleceu em 24/04/1843.

Herdeiros do primeiro matrimônio com Maria Thomasia da Conceição:
F.1-Joaquina Antônia, falecida antes do inventariado, foi casada com José Pereira dos Santos,deixou os filhos:
1- Manuel Pereira cc. Francisca
2- Semiano Pereira cc. Flora
3-Maria Pereira cc.viúva de Antônio Pedro
4-Laurinda cc. Francisco Pedro
5-Lidória, solt. maior de 21 anos
6-Isidoro Pereira, ausente no exército, menor de 21 anos.
7- Venâncio,menor de 14 anos
8- Justina, menor de 12 anos
9- José,menor de 14 anos.
10- Felicidade, menor de 9 anos.
F.2-Joana Thomasia da Conceição , falecida antes do inventariado, foi casada com Felisberto Manuel Souza, deixou os filhos:
1- Manuel Américo, casado.
2-Angelo, maior de 21, no exército.
3-Leonida, cc. Bernardo José da Silva
4- Marcolino , maior de 14 e menor de 21, no exército.
5-Mariano, maior de 14 e menor de 21 anos.
6- João menor de 14 anos.
7- Felisberto, menor de 14 anos.
F.3- Venancio Antunes Pinto cc.Angela Antunes, ausentes na Campanha ,em lugar incerto.

F.4- Ana Thomasia da Conceição cc. Joaquim Pantaleão de Santa Ana (antepassados da Eliani G. Vieira, ver Graciano Viegas , neto de Domingos de Souza Rocha)

Do 2º matrimônio com Angélica Mathilde de Jesus:

F.5- Francisco Antunes Pinto, maior de 21 anos, na ápoca do inventário, foi casado com Alexandrina Pacheco ( pais da Alexandrina , que foi casada com Venancio de Oliveira Gonçalves)
F.6- Theresa Antunes Pinto cc. Américo Caetano de Souza
F.7- Maria cc. Francisco José Pacheco Filho
F.8- Leopoldina cc. Joaquim Manuel Pereira

RELAÇÃO DOS BENS DO INVENTÁRIO
A inventariante foi, a viúva, Angélica Mathilde de Jesus, em 1843.

- 1 relógio e outro objeto (?)

MÓVEIS:
01 oratório com o senhor crucificado, 01 São José, 01 Santo Antônio,01 Senhora da Conceição
01 tacho de cobre
01 tacho de cobre pequeno
01 bácia de cobre
As chicolateiras de ferro** ( ver abaixo)
01 armário de latão
03 panelas de ferro
01 caldeirão grande de ferro
02 castiçais de latão velhos
01 bandeija e tesoura
01 castiçal de (?)
01 ferro de engomar com 2 cunhas
01 mesa grande
01 mesa pequena com gaveta
01 mesa pequena de campanha
01 espelho grande
02 espelhos pequenos
01 mesa de abas de jacarandá redonda
02 mesas pequenas usadas
01 mesa grande quebrada
02 bancos grandes
01 banco pequeno
01 marquesa pequena
11 cadeiras americanas bastante usadas
01 catre ordinário
01 baú grande sem cobertura
01 baú pequeno coberto
01 baú grande coberto
02 caixas pequenas ordinárias
01 caixa grande de guardar farinha
01 bandeja grande
01 bandeja pequena
4 cadeiras, conjunto de sala, muito velhas
meio aparelho de chá
03 pratos travessas grandes
01 terrina( sopeira)
17 pratos de guardanapos
01 marquesa quebrada
01 armário
01 tear e seus pertences de tecer
01 catre tecido de (?), muito ordinário
01 catre com tabuletas em bom uso
02 bancos ordinários, pequenos.
01 agulheiro
01 tinteiro de estanho
01 copo de vidro para água
01 cálice para vinho
preparos para fazer 3 camas
( páginas 45 verso e 46 com imagens ilegíveis)
01 alavanca de ferro, pequena
01 canoa de timbaúba pequena, com dois remos.
01 porção de mandiocas
01 pedra de moer de mão
01 carretilha com rodas chapadas de ferro
01 tolda de carretilha
01 carretão, muito arruinado , com seus pertences
01 carreta ordinária de cangas
01 par de macas de carreta em mal uso
01 par de macas em mal estado
01 carreta em muito mal estado
01 milheiro de telhas usadas

ANIMAIS:
194 reses mansas de crias
23 bois mansos
6 bois lavradores
02 bois tafoneiros
333 reses xucras
04 novilhos xucros
116 éguas xucras
10 potrancos
16 cavalos mansos
19 cavalos mansos em mal estado
10 potros capões
9 éguas mansas
2 ditas xucras

ESCRAVOS
1- Domingos, de nação, 30 anos, roceiro
2-Rogério, crioulo, 23 anos, campeiro
3- Euzébio, crioulo, 20 anos, campeiro
4-Afrásio, pardo, 5 anos
5-Lourenço, pardo, 5 anos
6-Paulina, crioula, 47 anos
7- Rosa, de nação, 34 anos
8-Germana, mulata, 34 anos
9- Efigenia, mulata, 13 anos
10- Sutéria, cabra, filha da mulata Germana, 1 ano.
11-Antônio, pardo, 10 anos, em poder do herdeiro José Pacheco
12- Ricardo, pardo, 2 anos, em poder do herdeiro Francisco José Pacheco Filho
13- Maria, parda, 35 anos, em poder do mesmo herdeiro
14-Balbino, pardo, 2 anos, em poder de Francisco Jose Pacheco Filho
15-Agostinho, pardo, 7 anos, com o herdeiro Francisco Antunes Pinto
16-Vicencia, mulata, 9 anos, com o herdeiro Venancio Antunes Pinto
17-Emilia, nação, 38 anos, com o herdeiro Joaquim Manuel Pereira
18- Margarida, crioula, 4 meses, filha da escrava Emilia, em poder do herdeiro Joaquim Manuel Pereira
19-Maria, de nação, 40 anos, em poder do herdeiro Américo Caetano de Souza
20- Raquel, crioula, 30 anos, com o herdeiro Felisberto Manuel Correa
21- Paulina, crioula, de 47 anos.

BENS DE RAIZ:

Uma casa de moradia na fazenda denominada Varzea do Passo do Capão, de residência da inventariante, com três salas na frente, duas forradas e assoalhadas e uma dita forrada , mas assoalhada de tijolos. Duas alcovas forradas e assoalhadas, e tudo mais terra. Sendo o repartimento nas salas de adobe** e dentro para os fundos de pau a pique, e as paredes do alicerce da casa de pedras e coberta de telhas.
Uma casa de atafona com seus pertences de fazer farinha, cozinha e oito ranchos coberto de telhas, tendo as paredes muito arruinadas. Alguns ranchos sobre esteios e cercado de arvoredo.
Um pequeno potreiro denominado piquete, tudo junto a casa.
Um outro denominado Potreiro de Cima, com seus matos dentro, tapado.
Um sitio que foi de Antônio da Rocha Vieira, com uma casa de moradia, toda coberta e casa de atafona, tudo coberto de telhas, tudo muito arruinado, com trinta e seis pés de laranjeiras e outros arvoredos, com seus matos e campos, dividindo-se pela parte sul com os herdeiros de Manuel da Rocha Vieira e pelo (Leste ?) com Vicente José de Barcellos , pelo Oeste com os herdeiros do mesmo Rocha e pelo Norte com o potreiro denominado "De Cima" pertencendo a mesma fazenda da inventariante , parte com o herdeiro Joaquim Pantaleão de Santana ao Banhado, que divide pelo Nordeste com Feliciano de Souza Rocha.
O campo todo pertence a Fazenda com seus poucos matos, denominada a Varzea do Passo do Capão, dividindo-se pelo Sul com a tapera denominada "Potreiro de Cima" e tambem com o mesmo sitio que foi de Antonio da Rocha Vieira e pelo Norte com terras que foram do falecido Antonio Jose Bernardes e do mesmo vindo descendo pelo banhado das Aguas Claras até em direção do primeiro capão grande do banhado e diante a vertente denominada Passo do Vigário, pelo arroio acima até a ponte e desta pela estrada Real , dividindo-se com os herdeiros do falecido Major Francisco dos Santos Gutterres, seguindo rumo ao Sul até a divisa dos herdeiros de Manuel da Rocha Vieira.

Uma casa na freguesia de Viamão, com três salas na frente, pequenas, duas assoalhadas e forradas e a outra assoalhada e duas alcovas forradas., o repartimento do centro da casa para os fundos todo de pau a pique e as paredes de fora de pedras e tijolos com duas caixinhas. As paredes para a frente do pátio, todas cobertas de telhas, arruinadas, com pequeno terreno nos fundos.
Outra casa na freguesia de Viamão, pequena, só assoalhada com paredes de tijolos, com uma meia água aberta para a cozinha, com pequeno terreno para os fundos, coberta de telhas, em mal estado.
Um rancho nos campos do banhado, dentro de um capão, que tem 300 telhas.
Uma (??) olaria coberta de telhas e com forno de cozer telhas, com o herdeiro Américo Caetano de Souza

A inventariante declara que seu falecido esposo já havia dividido com os filhos do primeiro matrimônio, as suas legitimas , que lhe tocaram por falecimento da mãe. Estas terras se dividiam dos campos descritos no inventário, por um valo, e, que os filhos do primeiro matrimônio de Américo Antunes Pinto, não teriam nada a receber, neste inventário.( não entendi, pois eles aparecem na relação de herdeiros).

A inventariante ainda declara que havia uma considerável extensão de banhados pertencentes ao tenente Isidoro Antunes Pinto, pai do falecido, que não foram partilhadas com os herdeiros, por estarem em litigio há muito anos.
Também declara que a legitima dela, herança de sua mãe Violante Maria de Jesus, viúva de Thomaz Luiz Gutterres, não foram incluidas no inventário, por estar em poder de Nicolau dos Santos Guterres, filho de Violante e que o mesmo ainda não havia procedido o inventário e partilha.

Declara tambem que a herdeira Ana Thomásia da Conceição e seu marido Joaquim Pantaleão de Santa Ana se acham estabelecidos, com casa própria, nas terras do sitio que foi de Antonio da Rocha Vieira , descritos e avaliados neste inventário.
.
Alguns herdeiros já estavam com escravos e reses em seus poder, relacionados no inventário.

Américo Antunes Pinto foi dono da Fazenda da Varzea do Passo do Vigário.

**CHICOLATEIRA: A chicolateira é um recipiente usado nos fogões campeiros, para aquecer a água. Ela difere da cambona, uma vez que possui alça, tampa e um pequeno bico. É um utensílio que requer algum acabamento. È muito usada, não só nos galpões e cozinhas campeiras, como também por carreteiros e tropeiros. O termo chicolateira é uma corruptela de chocolateira.

**Adobe ou Adobo
(Designa-se por adobe o pequeno bloco de forma regular de argamassa de barro ordinário amassado com areia e palha, cortado em forma de tijolo e seco ao sol).


Os bens arrolados num inventário são uma verdadeira fotografia de como a família vivia, mostram sua religiosidade, as condições econômicas, e o que faziam pra viver.
Neste inventário, em particular, dá para ver que a família possuia uma grande extensão de terras, muitos escravos, um razoável números de animais bovinos e equinos. Além disso eram tafoneiros e, também possuiam uma olaria.